Neste quarto episódio, recebemos o especialista em políticas públicas Jorge Luiz Teles para falar sobre a Pesquisa Municipal de Amostra de Domicílios (PMAD), que será lançada em breve pela Prefeitura de Niterói.

Jorge é economista, Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental (EPPG) do Governo Federal e atual diretor de Avaliação de Políticas Públicas na Subsecretaria Municipal de Avaliação e Gestão da Informação (SSAGI).

Jorge apresentou os principais objetivos da pesquisa, que é a primeira desse tipo a ser feita por uma prefeitura no Brasil. Falamos ainda sobre os principais desafios e acertos identificados no processo de criação, desenvolvimento e execução da PMAD.

[CLAUDIONEI ABREU] Oi, gente! Estamos muito felizes por ter você aqui conosco em mais um episódio do podcast Minutos de Inovação. Nesse novo projeto da Escola de Governo e Gestão, a nossa EGG, vamos falar sobre projetos inovadores que contribuem para a melhoria dos serviços públicos. 

[VINHETA DE ABERTURA] 

[CLAUDIONEI ABREU] Meu nome é Claudionei e eu faço parte da equipe de Educação da EGG e vou apresentar esse episódio junto com a Gabriela Pinto, que faz parte da equipe de Inovação da Escola.  

[GABRIELA PINTO] Olá, pessoal!  

[CLAUDIONEI ABREU] Hoje, fechando a nossa primeira temporada, vamos falar sobre as experiências do modelo diferenciado de Gestão de Pessoas adotado pela Subsecretaria de Orçamento, vinculado à Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Modernização da Gestão, a SEPLAG.  

Gabriela, quem são os nossos convidados de hoje?  

[GABRIELA PINTO] Os nossos convidados de hoje são Rafaela Guerrese, Coordenadora de Execução Orçamentária e membra do GT de Gestão de Pessoas na Subsecretaria de Orçamento, e o Marcos Vinícius Rezende, Assessor de Orçamento e Coordenador do Grupo Técnico de Gestão de Pessoas na Subsecretaria de Orçamento.  

Marcos e Rafaela, eu queria que vocês contassem pra gente um pouquinho da trajetória de vocês no setor público. O que motivou vocês a trabalharem com a gestão pública? 

[MARCOS VINÍCIUS REZENDE] O interesse por trabalhar com a gestão pública começou lá no ensino médio, isso foi algo que sempre me motivou, eu sempre tive clareza de que eu gostaria de atuar no setor público, embora naquele momento não tivesse certeza sobre em qual segmento e onde que eu iria atuar. Mas atuar no setor público e poder ter um papel na transformação das condições de vida das pessoas, de poder propiciar uma melhoria para a sociedade, isso sempre foi algo muito importante para mim. E aí eu cheguei até o curso de Gestão Pública da UFRJ e lá surgiu a oportunidade de atuar na Subsecretaria de Orçamento  da SEPLAG, eu tive contato com o processo seletivo que estava sendo conduzido, entrei na Subsecretaria como estagiário e fui para essa área de orçamento que até então eu não tinha uma identificação em particular, mas que quando eu comecei a atuar lá eu gostei bastante, me interessei bastante pela área e fui vendo ainda mais na prática o quanto ela é importante para o setor público como um todo. 

[RAFAELA GUERRESE] Bom, diferentemente do Marcos, a minha área de atuação não era bem definida no meu ensino médio. Eu cheguei a fazer alguns testes vocacionais pra saber qual seria a área que mais me identificasse de acordo com a minha personalidade. Estava nos campos de administração, economia, contabilidade. Aí eu consigo entrar no curso de Gestão Pública, que contemplava todas essas áreas de atuação. Realmente deu super certo. Gestão Pública me escolheu, sou muito satisfeita de ter me formado nessa área. Como o Marcos havia mencionado, acredito que está muito ligado às minhas percepções pessoais sobre o que eu quero para a sociedade, o que eu quero para o meu futuro. Posso dizer que a Gestão Pública e Orçamento me escolheram e sigo satisfeita com as minhas escolhas e muito feliz por ter escolhido essa área de atuação. 

[GABRIELA PINTO] Marcos, agora já entrando mais no assunto, o que que levou a Subsecretaria de Orçamento a escolher esse novo modelo de Gestão de Pessoas e como é que foram essas conversas que vocês tiveram até chegar no entendimento que havia essa necessidade?  

[MARCOS VINÍCIUS REZENDE] As iniciativas voltadas para a gestão de pessoas começaram lá em 2019. Naquela época, nosso diagnóstico era que a área de gestão orçamentária ainda carecia bastante de profissionais qualificados. O setor público como um todo ainda não tinha tão disseminado sobre as práticas e conhecimentos de orçamento público. Então a gente sentiu essa necessidade de treinar pessoas aqui justamente buscando desenvolver profissionais para atuar no orçamento público do município. Então a partir daquele momento a gente começou a receber servidores de outros órgãos para fazer o processo de estágio aqui na Subsecretaria de Orçamento. Nesse processo eles iriam ter contato com as rotinas de execução orçamentária e de planejamento do orçamento público. E a partir daquele momento começava a se constituir um tripé que iria reger os trabalhos da Subsecretaria. Que é um tripé baseado em planejamento, execução orçamentária e gestão de pessoas. E aí a gente começou a focar no processo de seleção e de treinamento. Na ótica da seleção, estruturamos um processo seletivo, que aí começou a partir de 2020, com formulário com envio de currículo, com entrevistas, e desde então a gente tem aperfeiçoado um pouco essas práticas. Até que em 2022 a gente sentiu a necessidade de estruturar melhor tudo isso, e aí aquele momento mais focado no programa de estágio. Então estruturar todo o programa, estabelecer diretrizes claras na forma de um projeto articulado e coeso em cada um dos segmentos de recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, avaliação e feedback e desligamento.  

[CLAUDIONEI ABREU] E qual que é o diferencial desse modelo em relação a outros programas de gestão de pessoas? O que que torna ele inovador na sua visão?  

[MARCOS VINÍCIUS REZENDE] Bom, em primeiro lugar, eu pontuaria o foco na gestão de competências. Esse é um tema que não é propriamente novo, mas no setor público ele ainda é bastante inovador, ele está mais disseminado nas empresas privadas, especialmente de grande porte, mas no setor público a gente ainda está caminhando nesse sentido. Então a iniciativa pioneira que a gente teve aqui em Niterói foi a iniciativa da EGG, em propor toda uma trilha de certificação dos servidores, uma jornada de certificação, e isso foi também um referencial para que nós instituíssemos uma gestão com competências mais aprimorada aqui na Subsecretaria de Orçamento. A partir daí nós criamos o nosso próprio inventário de competências, buscando pontuar as competências que nós entendemos como fundamentais para que a pessoa venha trabalhar aqui no orçamento e as competências que a gente vai buscar desenvolver aqui, e aí desenvolvendo diversas ações de treinamento e desenvolvimento que são focadas em três segmentos, o segmento de análise de dados, comunicação oral e comunicação escrita. 

[GABRIELA PINTO] Rafaela, com certeza fazer a Gestão de Pessoas com uma equipe diversa, é um desafio. E quais foram alguns dos principais resultados que a equipe já está observando desde a implementação dessa forma de gestão?  

[RAFAELA GUERRESE] Os principais resultados, nós pudemos sem dúvidas ressaltar os servidores efetivados que iniciaram na Subsecretaria enquanto estagiários, né? Hoje o Marcos é um exemplo claro de que foi um resultado super satisfatório. Alguns deles, eles assumem até uma posição de coordenação de alguns setores hoje na Subsecretaria. Tivemos também estagiários que posteriormente eles puderam ser descentralizados para outros órgãos da Prefeitura, o que acaba favorecendo a disseminação do conhecimento em orçamento público na ponta. Neste último ponto vale ressaltar que a gente, nós enquanto servidores lotados na Secretaria de Planejamento, que é o órgão central do município, nós acabamos assumindo um papel super importante de ter orientação normativa e técnica para os órgãos da Prefeitura como um todo, né? No que se refere aos aspectos relacionados ao planejamento e orçamento e em melhorarias na gestão como um todo. Então é muito benéfico para o fluxo regular dos processos quando a gente consegue descentralizar pessoas capacitadas que passaram um tempo treinando conosco enquanto estagiárias. Da mesma forma, nós também implementamos treinamento externo que é quando servidores de outros setores da Prefeitura vêm passar um tempo conosco se capacitando sobre os conceitos e principais procedimentos adotados no campo do orçamento público. E isso possibilita até um intercâmbio de conhecimento entre os setores, né? Dentro da competência que eles têm mais experiência, eles permitem que também conheçamos mais um pouco do que eles trabalham no dia a dia, então é muito interessante quando a gente consegue compartilhar saberes. E atualmente temos aproximadamente 15 servidores que hoje atuam em diferentes órgãos da Prefeitura e que passaram um tempo de estágio conosco. Temos oito ex-estagiários que hoje são servidores e integram a equipe da Subsecretaria, o que acabou fortalecendo para a disseminação e fortalecimento da gestão orçamentária do Município como um todo.  

[CLAUDIONEI ABREU] Rafaela, como acontece a interlocução com as diferentes áreas da Prefeitura envolvidas nesse processo de Gestão de Pessoas junto com o Orçamento? Vocês recebem feedbacks dessas outras unidades?  

[RAFAELA GUERRESE] Recebemos bastante feedback. É até uma procura bem alta e se torna até um dilema porque às vezes a gente quer abraçar tudo, mas às vezes não conseguimos por conta de espaço físico. Então a gente acaba tendo que entrar no acordo porque realmente a procura é bem grande, desses servidores estarem conosco treinando, então a gente julga que é bem satisfatório, porque a gente vê um resultado de melhora dos fluxos de trabalho na ponta, assim, bem considerável. E a gente acredita que esteja dando certo, porque a procura ainda é bastante grande, a gente incentiva, mas por conta do espaço físico, a gente ainda não consegue contemplar muitos servidores, acaba sendo que em determinado período a gente só consegue abrigar um servidor por vez, mas a gente vê um resultado super satisfatório quando a gente vê que a sementinha que plantamos está gerando frutos, né? Vamos dizer assim. 

[GABRIELA PINTO] Bom, e ao longo dessa jornada de desenvolvimento do projeto, certamente foram registrados vários aprendizados. A gente queria que vocês falassem um erro ou um desafio que vocês encontraram durante essa execução do programa e como que vocês conseguiram superar.  

[MARCOS VINÍCIUS REZENDE] Uma das dificuldades foi em relação à implementação do plano de treinamento dos estagiários, que precisou ser adaptado para levar em consideração o ritmo de aprendizado de cada um. Então a gente notou que alguns aprendiam um pouco mais rápido, outros estavam tendo um pouco mais de dificuldade e a gente precisou levar isso em consideração também. Foi um momento oportuno para que a gente fizesse com que esse plano estivesse mais coerente com a individualidade de cada um. Então levando em consideração também os interesses, as perspectivas para o futuro, os pontos fortes e fracos que cada um vem apresentando até então. E esse é um processo que demanda mais tempo e mais dedicação da nossa equipe e é um processo também complexo considerando que os membros da equipe dividem o seu tempo com outras atribuições da Subsecretaria. Mas é algo que a gente está tentando responder da melhor forma possível.  

[CLAUDIONEI ABREU] Conta pra gente, Rafaela, qual foi o ponto positivo mais importante, o acerto que vocês registraram nesse período e que vão continuar levando pra projetos semelhantes ou pra desenvolver no programa de Gestão de Pessoas da SSO.  

[RAFAELA GUERRESE] Sobre o que aprendemos na condução desse programa, desse projeto, é que diferentemente do que muitos pensam, quem atua no Orçamento não fica somente imersa à planilhas, números, cálculos… É parte substancial do nosso trabalho, não vou negar, mas o interessante disso tudo, e a gente se orgulha disso, é ter justamente esse olhar para a formação de pessoas no setor. É vislumbrar e dar espaço para que potencialidades possam ser exploradas de acordo com o perfil individual de cada um. E não simplesmente nos preocuparmos em reter conhecimento, reter pessoas, mas assim acho que o mesmo possa ser propagado, difundido, não só na Prefeitura, mas diversos órgãos dos entes da federação. Afinal, nós estamos lidando com pessoas, estamos lidando com expectativas próprias, muito singulares, então a gente vai desenvolver essa pessoa de acordo com o perfil individual de cada um.  

[GABRIELA PINTO] Para encerrarmos, Rafaela e Marcos, a gente gostaria que vocês falassem brevemente para a gente quais são os próximos passos desse programa.  

[MARCOS VINÍCIUS REZENDE] Esse é um processo que ainda está em curso, dessa reestruturação das nossas práticas de gestão de pessoas. Então a gente começou justamente por essa parte do mapeamento das competências, do inventário e da parte do processo seletivo. E agora os nossos próximos passos é focar especialmente em reestruturar a etapa de avaliação e a etapa de feedback. A gente já implementou algumas modificações, mas a gente quer deixar isso mais alinhado, estabelecer diretrizes claras e articular todo esse processo. Então esses dois segmentos têm sido a nossa prioridade para esse segundo momento. Juntamente com programar melhor as próximas etapas do processo de treinamento. A gente já está dando início a uma nova fase de treinamento da equipe, voltado para essa parte de análise de dados, que é baseado também no que a gente colheu em termos de balanço, de feedback, e a gente vai estruturar nossas próximas ações.  

[GABRIELA PINTO] Bom, pessoal, chegamos ao fim de mais um episódio do podcast Minutos de Inovação. Em nome da nossa equipe, eu agradeço a você que esteve aqui com a gente e já estamos ansiosos pela sua companhia na próxima temporada. 

Rafaela, Marcos, muito obrigada pela participação de vocês e por compartilhar para a gente todos esses conhecimentos e aprendizados.  

[MARCOS VINÍCIUS REZENDE] Nós que agradecemos pelo convite, foi um prazer ter essa conversa com vocês.  

[RAFAELA GUERRESE] Agradeço o convite de poder compartilhar sobre o nosso trabalho que temos desenvolvido. E parabenizar a iniciativa proposta pela EGG e do Laboratório de Inovação, acho muito importante nós conseguirmos propagar o que cada Subsecretaria tá fazendo, né? Às vezes a gente fica imersa no nosso processo de trabalho e a gente não tem ideia do que o outro tá fazendo. Então, eu acredito que o podcast é uma oportunidade de a gente conseguir falar sobre os nossos trabalhos e conhecer uns aos outros. Parabéns pela iniciativa.  

[CLAUDIONEI ABREU] Toda essa temporada é dedicada à Isabela de Jesus da Silva, a nossa querida líder da Escola de Governo e Gestão e do Laboratório de Inovação de Niterói. Bel, sem você esse projeto jamais teria saído do papel. O nosso muito obrigado por tanto, e boa sorte nos seus próximos voos.  

[GABRIELA PINTO] Esse episódio foi apresentado por mim, Gabriela Pinto, e pelo Claudionei Abreu, com direção e edição de Matheus Ataliba, e produção de Karyak Uzukê e Luiz Otávio Monteiro, diretamente aqui da terra de Araribóia. 

Aguardem os próximos, Minutos de Inovação! 

[VINHETA DE ENCERRAMENTO]